Liberdade forçada,
Eu ficaria amarrada,
Ficaria, curtiria,
adoraria !

Dizendo "Somos Livres"
Parece que faz pouco caso,
Dá pouca importância,
Se é feliz sozinho
Qual a minha contribuição ?

Aceito, não há escolha,
Procuro em outro alguém
Que me veja e acolha,
Que me abrace, me enlace,
Me embale, me faça esquecer...

Procuro me encontrar
E ao te olhar
Apenas passar o olho,
Sim, passar o olho,
Sem decifrar.

Pois já tentei demais,
Me importei demais,
Agora entendi,
Seremos livres,
Eu e Você.

Meu bem querer
Só não estranhe
Se eu não fizer perguntas,
Mas é que não mais me interessa
Sua falta de pressa
Pra me ver

Não ache estranho meu bem,
Saber que não tem volta,
Que meu coração fechou a porta
E você agora é só visita.






Inusitado


Depois do beijo me senti liberta, em parte meu coração estava ligado ao Enzo, mas entendi que viver outras coisas também faz bem. Saí com Marcos outras vezes e virou uma amizade colorida... As vezes ele falava em transformarmos isso em algo sério, mas eu desconversava. Qual a diferença?  Dizer, me intitular como sua namorada? Não precisamos de nenhum tipo de posse, nos queremos bem e isso basta.
O tempo foi passando, vestibular chegando e eu voltando pro Ballet!  Na verdade  me afastei apenas para descansar um pouco, pois não estava dando conta, mas fiz Ballet desde os 5 anos de idade e retornando a dançar percebi o quanto me faz bem, me faz esquecer as paranoias e dançar, apenas dançar. Percebi que a dança faz toda a diferença na minha vida e esse tempo foi necessário para que eu pudesse perceber isso, que dançando eu encontro o meu ponto de equilíbrio.
Para faculdade escolhi nutrição, pesquisei e fiz aqueles testes vocacionais que todo mundo sempre faz, optei por isso. Desejo trabalhar principalmente com crianças, mostrá-las que existem coisas melhores que fast-food, não que eu também não goste, mas por entender que não podem virar hábito, nem unica fonte de prazer na vida.
Duda e Roni  irão juntos optar por direito. Ela porque sempre sonhou e ele que de tanto a ouvir falar sobre, acabou se interessando.
Enzo me viu andando com Marcos algumas vezes, o clima foi ficando estranho, fui percebendo Enzo se afastar... Como se não quisesse ver. Mas como entender? Por tanto tempo eu quis, eu ainda quero... Nossos olhos não se cruzam como antes, eu já não espero nada e ele não me olha mais como uma irmã, amiga de infância, ele apenas acena rápido, abaixa o olhar e desvia do meu caminho. Mas antes de abaixar o olhar, num rápido intervalo de tempo, seus olhos se expressam.. Me perguntam o que estou fazendo e porque não declaro tudo o que sinto.
Então meu olhar se desvia também respondendo... Desculpe Enzo, mas eu já tentei demais lhe dizer.
Estou confusa, faltam apenas três meses para o vestibular e um congresso de dança muito importante se aproxima, a professora de ballet vai levar nossa turma, é uma oportunidade única mas... O vestibular!
Sei que estou me preparando a algum tempo, mas minha mãe tem receio de que eu me disperse completamente, acho que também tenho.
Aliás, o medo de enfrentar a consequência de minhas escolhas é sempre meu pior problema.
- Alô, Duda. Preciso conversar... Posso ir até aí?
- Claro, algo grave?
- Não, acho que me decidi sobre a questão do congresso.
- Vem logo, vou fazer chocolate. Ah, e Roni tá jogando futebol com a galera, vou nem ligar.
- Certo, chego aí depois do ballet.
Me arrumei, prendi o cabelo e fui dançar. Mais uma vez saí grata da aula de dança por me permitir pensar livre, em meio aos movimentos.
Quando terminei de me trocar, a professora veio até mim...
- Sophia, você tem dois dias para decidir sobre sua ida ao congresso.
- É, eu sei Liza, até já tenho uma resposta. - A responsabilidade caía sobre meus ombros..
- Espero que me dê uma boa notícia, você é uma das melhores aqui, dança com a alma. Não desperdice essa oportunidade, agarre.
Ela apenas disse e se retirou, eu digeri tudo e segui rumo a casa de Duda.
- E aí, conta, decidiu o que?
- Eu vou.
- Finalmente! E o vestibular?
- Um mês passa rápido e eu estudei ao longo desse ano, quando voltar ainda terei dois meses, dou um bom gás e acho que não me prejudico. Você acha o que?
- Claro que acho que você deve ir. Só te vejo completamente bem quando está dançando. Nem a platéia lhe mete medo! - Duda falava com tanto orgulho de mim que me comovia.
- Ah, claro que dá medo! Só que eu me concentro tanto nos movimentos que esqueço a presença de tanta gente olhando.
- Podemos fazer uma despedida?
- Menina, não vou me casar , nem mudar, é apenas um mês fora e depois tudo volta a ser como antes.
- Eu sei, mas acho despedidas bonitas...
- Falar em coisa bonita...Cadê o novato? - Ela ficava sem graça...
- Lá vem...A gente conversa por whats, mas tem muitas garotas afim dele, tô procurando não criar expectativas, minhas chances são poucas. Só que de qualquer jeito, ele vai estar na sua despedida. - Ela pode ser pessimista, mas é esperta.
- Sendo assim, teremos festinha! Agora preciso ir, contar para minha mãe, ligar pro meu pai, Roni, Marcos... Muita coisa a se fazer.
- Tchau, vê se não desiste.
Sim, eu já tenho uma decisão e uma festa de despedida! É inacreditável que eu insisto em enrolar com as coisas, mas elas sempre tendem a acontecer na velocidade da luz para mim.
Antes de ir pra casa lembrei de passar na livraria. Se vou viajar posso ao menos escolher um romance, literatura para ler, estão sempre caindo nos vestibulares.
Logo escolhi meu livro entre tantos que me seduziam naquelas estantes. Quando venho a este lugar, me dou conta do quanto ainda tenho a conhecer e de que nunca vou conhecer tudo. Mas o que eu não esperava seria encontrar o Enzo sentado numa das mesas, com um livro na mão e já me observando.
Se bem que não é tão improvável vê-lo estudando, ele estava tentando medicina pela segunda e ultima vez, se não passar, fará farmácia .
Fui até ele sorrindo e disse:
- Estudando!
- Não que eu goste... Como você. Mas, você vai agora?
- É, só vim levar este aqui.
- O cortiço, já li. Te dou uma carona, tô com o carro do meu pai.
- Também já li, irei reler. Mas não precisa, continue estudando. - Eu não queria atrapalhar.
- Ah, sério Sôsô? Só porque não me chamo Marcos não aceita a carona? - Senti a provocação e funcionou.
- Palhaço, então vamos.
Rimos e saímos da livraria.
Ao entrarmos no carro fiquei tensa, o silêncio reinava, até que falei:
- Vou passar um mês fora do estado.
- Sério? - Ele parecia realmente surpreso.
- Sim, um congresso de dança no Sul.
- Marcos que me perdoe, mas você fica linda dançando. - Ele falou sem dirigir o olhar a mim, olhando para frente e dirigindo.
- Eu não sou namorada de Marcos. - Falei virada na direção dele e depois direcionei meu olhar pra janela.
Então ele respondeu, meio desaforado.
- Agem como se fosse.
- Você está com ciúme? - Não exitei em dizer, já me silenciei com  muitas coisas e só agora venho me sentindo mais livre, menos presa dos meus próprios julgamentos. Talvez as circunstâncias me ajudaram, a omissão do Enzo, a relação com Marcos, minhas conversas com amigos, me sinto bem melhor em falar o que penso sem culpa.
- Ciúme? Nunca fui nada seu ! - As palavras dele me cortaram por dentro, apesar de ser uma verdade e de eu já ter me conformado. Mas por que ficar nessas provocações então? - Devolvi com meu silêncio em todo o restante do caminho.
Quando chegamos, tudo o que eu queria era uma breve despedida, arrumar rapidamente a minha mala e sumir.
- Valeu pela carona - Falei friamente. - Quando eu ia abrindo a porta ele me puxou pelo braço e me beijou.
Alguém entendeu isso? Eu não compreendia nada, nem o que ele fez, muito menos eu, que correspondi ao beijo mesmo chateada. Não raciocinava em meio aquele beijo, o cheiro, o calor.. Sonhei tantas vezes  com isso e agora que eu não esperava mais acontece. Parecia brincadeira, o destino querendo brincar de me deixar confusa.
Passamos um tempo nos beijando, sem dizer nada, apenas curtindo os lábios um do outro, ele beijava meu pescoço, me arrepiando, isso cada vez ficava melhor de experimentar.
Até que ele parou e disse:
- Entra comigo? Estão viajando, por isso o carro está comigo.
E agora? Era perfeito mas eu não sabia o que fazer, a que parte de mim ouvir. Só tinha certeza de que perto dele não controlo meus pensamentos, nem meu corpo. 










 Gente que lê isso aqui,

Recebo algumas cobranças por minha demora com as postagens, principalmente por quem acompanha metamorfose !
Quero pedir desculpaaaas ! Dizer que sou uma lerda mesmo para escrever, mas estou postando já o capítulo dez e prometo que vai caprichado.
Beeeeijinhos :*

Maquiagem, chapinha, depilação,
Estica daqui, dieta dali, vão ao salão,
Salto alto, roupas desconfortáveis, fazer o quê?
Mas quem lhe disse que ser mulher é se submeter?

Abre o olho parceira
Sacrifício não é felicidade,
Isso pode ser tudo,
Menos você de verdade!
Estão lhe montando inteira...

Abra o olho querida,
Isso é propaganda,
Acorda, mostra!
Quem é que manda.

Larga, deixa de ser,
O  que querem de você
Se desmonta, seja mulher
E não uma barbie da TV

Eles só fazem estas promessas
Para lhe fazer comprar,
Oferecem a perfeição,
Tentam ludibriar

Oferecem uma imagem
Que não nos correspondem,
Mas e as guerreiras,
Se escondem?

Digo que não
E que estão em luta
Aquelas que não se importam
Em não ser Amélias
E chamadas de Putas

Putas por não aceitar,
Tanta subjugação?
Se isso for ser Puta,
É o que somos meu irmão!

Chega de mascarar nossos defeitos,
Somos IMPERFEITAS
E temos esse direito!


Seu Ego, não te faz superior,
Você não manda em mim
E nem é meu Senhor.

Quando digo sim é sim,
E não é não,
Respeite a Luta feminista, 
Pois faremos a revolução!