Quando acabou a aula, além de faminta eu estava ansiosa, sou curiosa e tenho certeza que pintou um clima com Duda e o novato.
 - E aí Duda conta! - Ela sorriu como se eu fosse uma retardada da quinta série.
- O que você acha que poderia ter rolado? Um beijo de cinema após 5 minutos de diálogo? - Olhei para ela com feição de decepção, não por conta do beijo, mas porque também não era isso, eu apenas queria saber se ele demonstrou algum interesse inicial por ela.
- E aí chatas, já fiz o slide do seminário de geografia, mandei ontem para o email das duas, não precisa mais encher meu saco.- Disse  Roni quando se aproximou.
- Finalmente né, o seminário é depois de amanhã. A Sophia está aqui me importunando só porque me deixou sozinha alguns minutinhos com um novato que chegou hoje na escola.
- Duda, eu vi a tua cara de "Nossa como ele é Gato." quando ele abriu um sorriso.- Quando eu terminei a frase o Roni deu uma gargalhada que não nos permitiu outra coisa a não ser rir com ele.
- Agora me digam como vocês encontraram e falaram  com o cara do nada. - Disse o Roni.
A Duda contou como tudo aconteceu, e Roni completou:
- Sim minha filha, e quando vocês ficaram sozinhos, falaram o quê? Pare de suspense idiota, senão eu não 
conto quem encontrei hoje.
- Todo bruto esse menino. - Duda reclamou e continuou:
- Ele me perguntou se a escola era legal, eu falei que mais ou menos, "é relativo", aí ele olhou para mim, deu um sorriso e disse que já estava começando a gostar ,eu fiquei super sem graça...Somente isso, satisfeitos?
- Nossa, então ele já ficou interessado em você, e pelo visto você nele. - Estava na cara.
- É, ele é interessante, mas agora conta de você Roni. - A Duda nunca gostou de falar de coisas sentimentais, principalmente quando ela é o sujeito da história .
- Eu liguei para a garota da loja que compramos o vestido da Duda. A gente marcou um cinema no próximo fim de semana.
- Espero que você termine a sua parte do trabalho de Ed.física antes disto, lembre que o nosso tema é obesidade na infância. - Eu tinha que lembrá-lo, só faltava uma semana para a apresentação. 
- Deixa de ser chata, eu me garanto. - Ele odiava ser cobrado, mas se não fosse assim esquecia de tudo.
- Acho que essa garota é louca. - Duda falou provocando.
- Louca não, ela quer aproveitar o melhor da vida, ou seja, o Roninho aqui. - Convencido? Será? Eu larguei um sorriso bem irônico.
- Ah, tá certo Roninho. - Disse Duda ironizando, assim como eu com o meu sorriso.
  Estávamos na porta da escola quando  avistei o Marcos, fiquei um pouco surpresa ao perceber que ele 
estava a me esperar, afinal o único contato que tivemos além de cumprimentos foi no aniversário do Enzo, não havia tanta intimidade.
 Quando ele me avistou deu um sorriso, Duda e Roni logo também perceberam que ele estava me esperando, mas deixaram os comentários para uma próxima ocasião,  eu que me preparasse.
- Oi. - Falei retribuindo o seu sorriso lindo. Será que eu tô ficando louca ou acabei de achar lindo o sorriso do Marcos? Que loucura, de repente muitos pensamentos me tomaram.
- Eu faço curso meio perto daqui, aí decidi te ver e já que vou para casa do Enzo pensei em voltar contigo.
- Claro, vamos juntos! - Agora para mim ficou provado que ele não tinha problema em demonstrar que estava afim de mim.
    Apresentei  Roni e  Duda a ele e fomos conversando até o ponto em coisas bobas como bandas 
preferidas, comida, piadinhas sem graça... De repente estávamos entrosados e rindo. Quando chegamos no 
ponto, nosso ônibus logo chegou.
Sentamos um ao lado do outro, eu abri a janela para que o vento entrasse e fiquei meio sem graça, sei lá, agora sozinhos, eu particularmente não tinha assunto...
-  Eu quero lhe fazer um convite... - Ele disse meio sem jeito.
- Convite? Pra mim? - Cada vez mais  me surpreendia.
- É, tem uma peça maravilhosa  estreando na cidade e eu pensei em irmos... Na verdade eu quero lhe conhecer melhor. - Esse choque de sinceridade foi demais para mim.
- A ideia do teatro é ótima, mas fico temerosa quanto a esse conhecer melhor... É que para mim somos recentes colegas entende? - Fui sincera.
- Entendo, eu na verdade sempre te achei bonita, mas não me aproximava para saber se por dentro era assim também e no aniversário do Enzo tomei essa coragem, não irei dá para trás sabe, eu não quero nada além da sua amizade.
- Quando eu já estava respirando fundo de alívio ele acrescentou:
- Por enquanto. - E novamente eu já não sabia o que fazer... Ele estava deixando claro seu interesse por mim, algo que não era correspondido, mas ao mesmo tempo dá um fora e me negar a conhecê-lo não seria correto, como eu disse a algum tempo, cansei de esperar o Enzo, é muito desgastante você viver esperando alguém que mal te olha, e quando parece que olha, deixa subjetivo, confuso...
 O Marcos era o contrário, claro, objetivo, eu sentia firmeza.
- Então convite aceito, só é me dizer o dia e o horário. - Não deixei transparecer a confusão que estava a minha mente naquele momento, apenas aceitei o convite.
Enfim chegou  o nosso ponto, descemos e caminhamos até a minha rua, o Enzo estava na porta de casa falando ao celular, quando nos aproximamos ele desligou.
- Boa tarde. - Eu cumprimentei.
- Boa tarde Sophia, minha tia está aqui Marcos. - Enzo respondeu.
- É eu sei, ela me avisou, parece que daqui ela e minha tia vão sair, vim ficar aqui para não ficar sozinho em casa. - Respondeu o Marcos.
- Gente, vou seguir aqui viu, tô morrendo de fome, irei almoçar e fazer as tarefas. - Realmente eram muitas tarefas.
- Está certo, a peça é sábado 19 horas, podemos ir juntos?
- Claro,por mim está marcado. - Confirmei.
A cara do Enzo foi de surpreso, mas surpresa mesmo foram suas palavras seguintes:
- Nossa, tem um tempão que não vou ao teatro, vocês irão tipo... Um casal? - Eu fiquei vermelha e o Marcos para a minha surpresa parecia tranquilo, 
- Como assim? - Perguntamos. Nos fizemos de confusos, mas eu realmente não esperava essa pergunta, insinuação, ou o que for.
- Ah gente, vocês entenderam, estou perguntando se esta saída é como um encontro romântico.
- Na verdade não, é somente para prestigiarmos a peça, me disseram que era boa, então chamei a Sophia.
- É, que ideia Enzo... Amigos só saem juntos se for num encontro romântico?
- Não né? Então irei com vocês e a gente resenha! - Eu nem acredito que ele fez isso.
- Claro, irei chamar o Roni e a Duda, vou para casa agora, estou morta de fome! - Fingi que  achei tudo isso normal, mas vi que o Marcos ficou um pouco desapontado.
- Levo você até a sua porta. - Disse o Marcos.
- Tchau. - Foi assim que o Enzo se despediu.
Quando chegamos em minha porta ele perguntou:
- Você entendeu alguma coisa?
- Não e você? - Eu respondi.
- Não e sinceramente não gostei, mas falei a verdade sobre o encontro não é?
- Eu percebi que você não gostou muito..Mas gostei que foi sincero, depois que irmos com a galera marcamos novamente, mas em segredo dessa vez. - Será que fui muito ousada? Estranho... Saiu naturalmente, sem tremedeira, acho que saber que ele gosta de mim me deixa menos insegura.
- Me deixou feliz agora, acho que saí no lucro. - Ele disse isso com um sorriso enorme no rosto, que acabou contagiando, quando percebi eu também estava sorrindo.
- Vou entrar agora, tchau. - Com um abraço nos despedimos e eu entrei.
Foi estranho me ver passar por esta situação e não ter tremido na base, vi o Enzo e não fiquei parecendo uma bobona, tudo isto sem ensaiar...
Não deixei de gostar dele ainda, mas já consigo ver outras possibilidades, aliás outra possibilidade que se chama Marcos, este cada vez mais me surpreende. Agora só me resta aguardar o dia de sairmos, só assim poderei ver no que vai dar esse espetáculo.








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